quinta-feira, 25 de julho de 2013

"Clarice, minha menina"

           Quando minha mãe estava grávida de mim, no início da década de 80, jamais poderia imaginar que quando eu me debatia dentro de sua barriga, às vezes com força, já era eu brigando pela minha liberdade. No dia 21 de agosto, lá estava eu começando do zero isso que chamamos de vida e que até hoje ninguém soube explicar de onde viemos, para onde vamos e para que estamos aqui. Não chorei... E logo me deram uns tapas, que é para mostrar como funcionam as coisas por aqui.


O parto
A porta
Aberta


A vida

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Quando eu falava em cair na estrada,
minha mãe, tadinha,
achava que isso era passageiro

O passageiro sou eu, mainha!

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             Aí é que entra minha menina, Clarice. Quando eu ainda estava no banco, juntei mais ou menos 160 frases que escrevi em meu twitter, fiz um livro de bolso e distribuí mil exemplares. Um dia, depois de dar um para uma cliente, ela olhou nos meus olhos e perguntou-me, depois de ler umas quatro frases: o que você está fazendo atrás dessa máquina?
            Uma semana antes, uma amiga tinha falado comigo pela internet sobre a gente fugir em uma Kombi, uma brincadeira ali de momento, só uma maneira de extravasar, protestar contra o tédio, sem seriedade nenhuma. Aí juntei esses dois acontecimentos mais o filme que eu tinha assistido há um ano atrás, Na Natureza Selvagem, um filme que mudou minha vida, que ajudou a construir mais um degrau desse espírito viajante, e um degrau dos mais altos. Ainda entrou nessa mistura o livro O Estrangeiro, de Albert Camusque também influenciou-me bastante... Além de tantos outros...

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             Fazia um dia lindo quando saí para comprar o jornal e procurar nos classificados uma Kombi, meu primeiro carro, lamento decepcionar os mais vaidosos. Vi uns cinco anúncios, olhei duas e fiquei com a segunda. Feitas as negociações no outro dia, meu pai, que estava me ajudando, saiu dirigindo a Kombi na frente e eu e Thiago Nuts atrás, que já ia tirando umas fotos dela, no carro de minha mãe. Já na segunda curva, quando meu pai entrou na avenida, ele dá sinal para a direita e encosta o carro. Parei na frente e esperei um pouco. Lembro do frio na barriga desse momento e uma vontade de rir enorme ao mesmo tempo. Caralho... Isso é para testar? Será? Que seja... Meu ponto forte é não desistir.

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            Muitos me perguntam por que Clarice e, sim, é por causa dela, Clarice Lispector. Fácil entender por que:

“Suponho que me entender não é uma questão de inteligência
e sim de sentir, de entrar em contato...

Ou toca ou não toca”









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À venda nas livrarias ou pela internet:




quarta-feira, 17 de julho de 2013

Noite de lançamento/autógrafos


























                Amigos de infância, amigos mais recentes, amigos que eu não via há bastante tempo, famílias, professores que passaram pelo meu caminho e pessoas que conheci nessa noite... Muitíssimo obrigado a todos por tudo!!
               
                E, a Thiago Nuts, um abraço especial, que tirou as fotos e que foi meu parceiro em mais da metade da viagem que originou esse livro...


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sábado, 6 de julho de 2013

Primeiro dia de viagem...

Essas fotos dizem tudo sobre o que seria a viagem:
Apenas uma escuridão em nossa frente
e uma estrada para percorrer...

Acendemos nossos faróis (nossos corações),
e seguimos em frente...

Onde íamos parar?
Para que saber?

O importante era não parar...





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2º DIA DE VIAGEM

            De manhã, demos uma passada em Estância, minha cidade querida. Por acaso, encontramos esse cara: nosso grande amigo Fabiano.


            Fabiano é dono de uma pizzaria, tão frequentada por nós - Thiago, eu e mais alguns vários amigos... Cansamos de amanhecer o dia lá, mesmo depois da pizzaria fechada. A conversa era sempre interessante, sem ser intelectual demais, sem ser certinha demais, sem ser chata... Éramos, apenas... livre. Falávamos sobre tudo, sobretudo, sobre a vida. E, para acompanhar, claro, violões.
            Sempre que vejo alguém na televisão, falando que tal bar era reduto de artistas no Rio de Janeiro, que em São Paulo artistas se encontravam na tal esquina da Ipiranga com a São João, lembro sempre da pizzaria desse velho e grande amigo.  Em Estância, posso dizer que ouvi muita música boa e poesia nesse lugar... E entendam poesia, tudo que envolve beleza, não apenas as tantas recitadas por lá, muitas delas já um tanto bêbadas. Era lá, e ainda é, o nosso reduto... Sem sermos artistas, sem sermos nada... Apenas, somos nós.


Quantas vezes ouvimos Raulzito por lá?

Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal
e fazer tudo igual
Eu do meu lado aprendendo a ser louco...


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            Depois, fizemos uma visita, aliás, fomos intimados a fazê-la, ao nosso grande amigo Brunão. Lá almoçamos e conversamos (ele também freqüentou muito a pizzaria do nosso amigo), enquanto o meu coração estava em disparada... A viagem estava se iniciando... A expectativa era grande... Finalmente, um pouco mais de cinco meses depois de ter decidido fazer a viagem, chegou a hora... Agora era pra valer. O que estaria por vir? Ninguém sabia de nada. Algumas pessoas nos alertaram que seria difícil. Mas não era questão de ser fácil ou não: a questão era, apenas, encarar o difícil.

- Pai, qual é o antônimo de vida?

- Medo, filha... Medo!!





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            Pegamos a Estrada do Coco, conhecida também como Linha Verde, que liga Sergipe à Bahia... Primeiro estado que Clarice cruzava...

Quando eu falava em cair na estrada,
minha mãe, tadinha,
achava que isso era passageiro

O passageiro sou eu, mainha!!


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Esse trem chamado Sociedade

Seguirei seguindo segundo minha alma
Com a calma de saber que calma não tem
Para quem nessa vida não anda nos trilhos
Mais um andarilho que pula desse trem
Cansado, ferido...
Tanta dor saber que nesse trem tanta ilusão tem

Trem tão veloz e a paisagem
não dá tempo de se ver mais

Apressados, vivem sob pressão
Eu tenho pressa de calma
Apressados, presos em velozes vagões, numa vida vaga
Eu tenho pressa de alma

Seguirei seguindo segundo minha alma
Com essa calma angustiada que eu conheço bem
E enquanto o sangue jorra invisível (e visível)
Quase desisto, mas uma voz vem
E sussurra no meu ouvido:
“A vida é bela
Não desista querido,
tente outra vez
e outra vez
e outra vez...


E outra vez”



Deu no jornal...